O processo histórico de
ocupação e organização espacial africana:
Tudo começou a partir do
século XIX, quando se iniciou uma nova fase do colonialismo europeu, marcada
por uma maior ocupação e uma exploração mais efetiva dos continentes africano e
asiático.
Como a revolução Industrial
apresentava-se em pleno desenvolvimento em países como Inglaterra, França,
Bélgica, Holanda e Alemanha, fazia-se necessária a exploração cada vez maior de
matérias-primas, como Ferro, Cobre Chumbo, Algodão e Borracha, a baixos custos,
para serem transformadas em produtos industrializados.
O surto de processos de
independência das colônias americanas, durante o século XIX, impôs restrições à
exploração e ao saque de recursos primários pelas metrópoles naquele continente.
Por outro lado, a
independência dessas colônias americanas representou a ampliação do mercado
consumidor para os produtos industrializados das metrópoles, já que o mercado
europeu encontrava-se, nessa época, um tanto saturado.
Assim, as maiores potências europeias
encontraram algumas soluções para garantir o suprimento de matérias-primas para
suas indústrias promoveram a ocupação e divisão desses territórios, facilitando
a exploração em grande escala dos recursos naturais existentes nesses continentes.
No caso da África, essa
divisão ou partilha, como também ficou conhecida, foi realizada por meio de um
acordo selado na Conferência de Berlim (Alemanha), em 1885, entre Inglaterra,
França, Bélgica, Alemanha e Itália, além de Portugal e Espanha, que já possuíam
domínios nesse continente. Com o fechamento do acordo da partilha da África, na
conferência de Berlim, houve uma verdadeira “corrida” entre as metrópoles para
a delimitação das fronteiras de suas colônias em território africano.
A partilha da África entre
países da Europa e a implantação de atividades econômicas voltadas para o
abastecimento do mercado europeu trouxeram profundas consequências:
desestruturaram completamente a organização política, econômica e cultural da
maioria dos povos africanos, que há séculos, mantinham modos de vida muito
distintos dos europeus.
Essa desestruturação social
ocorreu, principalmente, por que:
1) as fronteiras traçadas
pelos europeus levaram em conta apenas os seus interesses econômicos não
respeitando os limites territoriais que já existiam entre os grupos tribais,
acabou separando povos com uma mesma identidade histórico-cultural, ou
colocando dentro do território de uma mesma colônia antigas tribos rivais:
2) os povos africanos eram,
originalmente, dedicados a uma agricultura de subsistência e ao pastoreio,
enquanto outros grupos dedicavam-se à caça e à coleta de frutos e raízes. Com a
introdução das atividades agrícolas de plantations e da mineração, foram
estabelecidos empresas e núcleos de povoamentos de europeus no interior da
África, resultando na desapropriação de áreas de diversas tribos. Assim, muitas
dessas populações deixaram de trabalhar em suas atividades tradicionais para tornarem-se
mão-de-obra assalariada ou mesmo escravos dos próprios europeus que desapropriaram
suas terras. Para as tribos que persistiram no trabalho agrícola, restaram, na
maioria dos casos as áreas com solos pouco férteis;
3) muitas das regiões onde
se desenvolveram as plantations e a mineração eram pouco povoadas, o que levou
os colonizadores a deslocar grandes contingentes de africanos de regiões
distantes para as áreas de maior exploração. Esse fato acabou provocando uma
redução populacional nas regiões de origem desses migrantes.
Houve, portanto, uma
reorganização do espaço africano pelos colonizadores europeus que caracterizou
pela exploração e pelo desrespeito às necessidades dos povos que o habitavam.
Isso gerou grandes conflitos e problemas sociais na África.
Fonte: Currículo minimo (Seeduc)
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